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domingo, 26 de dezembro de 2010

Alô Venezuela, tamos chegando!!!

24 de Dezembro de 2010

Mariana

Depois de uma estadia de três meses na Venezuela entre janeiro e março de 2010, não me conformava em voltar ao Brasil sem ter conhecido as mais belas praias deste país caribenho. Foram, portanto, três meses em Caracas, profundamente envolvida com meu projeto de dissertação de mestrado na Parroquia 23 de Enero.

No caminho de volta para o Brasil, já vim pensando em voltar no próximo ano, mas, com a ressalva que, desta vez, sairia de Caracas e conheceria outros lugares. Comecei, então, um longo trabalho de campo com o Hugo porque, para cumprir com este objetivo de viajar pelo país, era de fundamental importância que ele fosse comigo – obvio! Depois de muitas protelações, finalmente, compramos as passagens sem saber ao certo para onde iríamos. Sabia, apenas, que queria conhecer Morrocoy, um dos lugares mais lindos daqui – no esquema das praias do Caribe, água azul turquesa, uma fauna e flora inesquecíveis e por aí vai.

Depois de muitas pesquisas, idas e vindas, fechamos um roteiro: Colônia Tovar – Choroní – Tucaca/Morrocoy – Coro – Mochima.

Parecia que estava tudo certo até chegar novembro. A Venezuela afundou com as chuvas. Estima-se em cerca de 100 mil de desabrigados. O Estado mais atingido: Falcon – onde está Morrocoy. Todos os parques nacionais fechados, centenas de mortos e feridos. O caos. Entrei em desespero. Pensei em abandonar tudo. Só não abandonei porque, no fundo, ainda havia a esperança que as coisas melhorassem até dezembro. Hugo também deu muita força nesse sentido. Sempre acreditou que no final daria tudo certo. Faltando duas semanas para viagem, decidi que iria mudar o roteiro inteiro. Iríamos para o outro extremo do norte do país. Iríamos a Mochima e Isla Margarita - onde se realiza o Reveillon mais concorrido do país.

Até então, a viagem estava planejada em termos muito vagos, baseada em dicas do site dos mochileiros e uma estimativa de custo também muito vaga. Quando o Hugo entrou de férias, NA ULTIMA SEMANA antes da viagem, sentamos para fechar os últimos detalhes e fechar definitivamente o roteiro. Estava um pouco desanimada, confesso, pelo fato de ter que abandonar Morrocoy. Mas aí, já pelas tantas de dezembro, resolvemos pesquisar a situação dos Parques e descobrimos que a situação já estava regularizada e que o Inparques já tinha liberado para os turistas. Felicidade total. Mais uma vez refizemos o roteiro e, minuciosamente, procuramos por pousadas, hotéis, restaurantes, passeios e fechamos um plano de viagem mais sólido. Voltamos, então, aos planos originais, abandonando apenas Mochima que era muito contra-mão para nós, já que nosso percurso era no sentido oeste, saindo de Caracas, e Mochima estava no extremo leste.

Na véspera da viagem, fechamos com o último hotel. Decidimos não passar o dia 24 de dezembro com meus amigos venezuelanos ou com a família da Sra Kety que sempre me recebeu aqui. Como era aniversário do Hugo, decidimos ficar num hotelzinho muito lindinho no centro de Caracas e sair para jantar neste dia. Na manhã seguinte iríamos para casa da Sra Kety, para no dia 26 partimos para nossa primeira parada: Colonia Tovar.

Dia 24 de dezembro. Acordamos atrasados – óbvio.



Hugo

E óbvio que a Mari havia se confundido em algo. O nosso vôo não era às 08:00 como ela sempre falou, mas sim às 09:00...

O bom é que tivemos tempo de fazer tudo com bastante calma, nos estressarmos com os péssimos serviços de comida no Galeão (por isso que Portnoy gravou até um vídeo criticando isso e, finalmente, embarcamos no avião com pouquíssimas pessoas.

Chegando em São Paulo, a aeromoça avisa que os passageiros para Córdoba e Montevideo devem desembarcar e aí que tudo se esvazia de vez: ficamos Mariana, eu e no máximo mais duas pessoas no vôo... Passou quase uma hora e vimos que não iríamos sozinhos: em minutos o avião estava lotado.

Depois de 2 horas mofando com o avião parado (com a desculpa de que estão carregando as malas de todos), decolamos novamente e tenho uma grata surpresa: uma criança no banco de trás (que apelidei carinhosamente de “La Diabolita”) é daquelas que só sabe chorar, gritar, falar, chutar e tudo o mais, ainda mais com uma daquelas mães que ligam o “fodômetro” para todos os outros. Não dá pra deitar, ouvir música, ler um livro nem nada. Somente o som daquela peça do purgatório ecoa no avião.

Logo depois, vem o pior: FOME

Deixo de lado um pouquinho “La Diabolita” de lado e só sei escutar a reclamação do estômago.

Passou um tempo e, finalmente, chegou o almoço: Frango com arroz e salada que foram devorados em segundos.

Daí, sobrevoamos a Amazônia, ouvimos avisos que deveríamos ficar com os cintos afivelados, pois passaríamos por zonas de instabilidades, pequenas turbulências... penso em LOST... e daí que surge o Mar do Caribe e a visão do estado de Vargas (Venezuela) – CHEGAMOS!

Mari segura minha mão, pois tem medo/nervoso de descolagem e pouso, até que descemos e piso em solo estrangeiro pela primeira vez.

Logo de cara o que mais me impressionou foi a quantidade de propagando do governo que ilustra uma “guerra” de ideologias na qual esse país se encontra.

No saguão só vemos cartazes de feitos do governo e palavras como “Patria”, “Revolución” e “Socialismo”. Passamos pela imigração, Gustavo (amigo da Mari daqui) nos consegue um motorista que acaba achando um colombiano casado com uma venezuelana e que mora em Miami para dividir a corrida (200 bolívares) rumo a Caracas. O aeroporto fica a uma distância equivalente a Niterói em relação ao nosso RJ.

Depois de um trânsito a la SP, ficando parado no mesmo lugar durante minutos, 2 horas e meia depois, finalmente, chegamos em Caracas.

Fiquei extremamente impressionado como aqui só se vê as cores da bandeira, frases políticas, palavras de ordens, a figura de Chávez e, principalmente, a figura de Simon Bolívar em muros e outdoors. Estas imagens são mais comuns que a imagem do Cristo Redentor numa loja de lembranças para estrangeiros no Brasil!! Estão, em todos os lugares, há uma propaganda maciça do governo para o povo (opinião minha) para assegurar a opinião do povo, apoiando-se, logicamente, nos importantes trabalhos sociais que aqui vemos que não se tratam apenas das toscas “Bolsas Famílias” que temos no Brasil. Aqui realmente existe um trabalho com o povo pobre, dando chances de uma organização, onde o povo realmente participa do processo político (seja ele certo ou não) e uma ideia muito forte de unidade patriótica, mas esses papos não cabem aqui...

Chegamos ao hotel e ficamos bem felizes com o lugar e também com o quarto. Do nada descobrimos que seremos presenteados com uma garrafa de Champagne! Rapidamente ela já estava vazia...

Depois de muito debate e de assistir Friends, resolvemos ir a uma indicação de restaurante dada pelo recepcionista. Descobrimos com o segurança do hotel que aqui o termo “bar” se refere à puteiro, entonces, nunca peça para ir a um bar, a não ser que queira encontrar sacanagem venezuelana. Logo depois sofremos do mal dos turistas no Brasil: uma corrida de táxi que deveria custar BsF 50 é cobrada BsF 100. O absurdo aqui é que táxi não tem taxímetro! O cara fecha contigo e pronto... Logo falo pra Mariana “De agora em diante, não somos brasileiros!!!”. Não deu outra, a volta custou os BsF 50 corretos.

Depois de nos darmos conta que todos os restaurantes estavam fechados, conseguimos encontrar um aberto em plena noite de natal e comemos um prato típico chamado Parrilla, uma carne muito macia com tomate, pimentão e batatas fritas previamente cozidas. Tomamos umas Brahmas, o garçom Johnny tenta brincar e sacanear que ali não tem banheiro e terei que mijar na rua, muito simpático e amável até que vem a conta, e surtaram! Simplesmente colocaram coisas que não consumimos, o cara cisma em falar que era o mesmo preço das cervejas que bebemos (então por que não colocaram na conta “CERVEJA”?), eu digo que está completamente errado, ele fica revoltado com a nossa recusa em pagar aquilo, só de sacanagem eu pago menos que os habituais 10% depois de chegarmos no valor justo, ele fecha a cara e vai embora. Amigos, venezuelano querendo enrolar um brasileiro pão duro como eu? NEM A PAU, JUVENAL!!!
Voltamos pro hotel com um taxista que está tomando cerveja, colocando no apoiador na maior cara dura, fazendo várias barbeiragens e entrando em contra-mão, mas, no final, nos deixa sãos e salvos no destino. AQUI O TRÂNSITO É CAÓTICO e a lei é: NÃO TEM LEI!!!

Então dormimos comigo um ano mais velho...

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