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Depois de 26 grupos de 365 ou 364 dias, ele virou: Um apaixonado por música, áudio, estúdios e afins... Um fã de Dream Theater, Metallica e diversas outras bandas, gêneros, músicos... Quer saber mais? Compre uma cerveja e leve-o para uma conversa.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Choroní, por Mariana


Mariana

Dia 27 de dezembro de 2010. A ideia era acordar bem cedinho, sairmos de Colônia Tovar e chegarmos na hora do almoço em Choroní. Assim, poderíamos aproveitar ainda meio dia de praia. Doce ilusão. Nossa pousadinha (Danúbio Azul) era tão linda, tão linda... nosso quartinho, tão lindo, tão lindo, com uma vista incrível para as montanhas, que ficamos sentidos em sair correndo de manhã e não curtir aquele momento também. Então, acordamos, tomamos um belo café-da-manhã alemão e ficamos no nosso quarto curtindo a manhã.


Às 11h, tomamos coragem e fomos embora. O amigo do William tinha nos dado a dica de ir para Choroní por Puerto la Cruz. Isto é, descer Colônia Tovar até esse porto e lá pegar um barco até Choroni. Ele disse que a paisagem é imperdível. No entanto, quando buscávamos informações sobre este trajeto, soubemos que a estrada não estava boa por causa das chuvas e que a melhor forma para chegarmos a Choroní era por Maracay. Pegamos, então, uma camiñoneta e descemos a serra até La Victoria. Parênteses: QUE SERRA!!!!!! Na ida para a Colônia, nós havíamos subimos por um lado da montanha e, agora, descemos pelo outro. No caminho havia uma área para salto de parapente. Uma pena que não tenhamos podido saltar... Nosso ilustríssimo motorista, subia e descia a serra com a marcha em primeira e ouvindo uma espécie de música gospel. Ah, ele não deixava de enviar torpedos também toda a hora. Mais uma vez o mesmo esquema: estradas muito estreitas por onde mal passam dois carros em contramão. Por outro lado, o visual é espetacular. O chato foi ter que descer em La Victoria, pegar outra camiñoneta para Maracay, ficar 1 HORA esperando a dita cuja encher para, enfim, seguirmos a Choroní.

Quando os motores da ultima camiñoneta ligaram às 14h20m, pensamos que faltava pouco para chegarmos ao nosso destino. Ledo engano. Mais uma serra. Esta ainda pior que a outra. O motorista ainda mais louco. A música ainda mais alta. No começo, tudo era uma festa. Paramos no caminho, compramos cerveja (Polar Ice!!!), nos divertimos com a música, com as curvas, com o alto risco na estrada, com risco de cair ribanceira abaixo ou de bater em um carro na contramão na primeira curva. Mas aí as horas passavam e nós subíamos, subíamos, subíamos, subíamos.... até que, finalmente, começamos a descer e aí mais horas, descendo...descendo...descendo... Lá pelas tantas, cada vez que o infeliz do ajudante do motorista aumentava o volume da música (salsa, reggeaton e otras cositas más) a vontade era de pular no pescoço dele. O Hugo fechou a cara e tudo o que se via sobre sua cabeça era uma enorme nuvem cinza, cheia de raios. Jamais poderia transcrever seus pensamentos aqui... (Hugo: minha vontade era de explodir o imbecil que queria ficar cada vez mais surdo com um tipo de música ridícula. Resumo: Venezuela é um país muito bonito com um povo nota ZERO, com raras exceções. É um povo que quer levar vantagem em tudo, mais que brasileiros... Um povo bem corrupto...)

Por volta de umas 16h ou 17h chegamos em Choroní. Descemos no Terminal e pegamos mais um pau-de-arara para o centro do pueblo. 5 minutos depois, chegamos em nossa lindíssima pousada Tom Carel.

Sr Tomás, o dono da pousada, nos recebeu com muito carinho e atenção. Acho que ficamos com um dos melhores quartos daqui. A pousada é uma fofura, toda ornamentada com artesanatos vários, muito aconchegante, limpinha... Nosso quarto, tem uma rede em cima da cama linda, uma varandinha charmosa, um climinha todo intimista, rústico... eu AMEI. BsF300 a diária. É certo que poderíamos ter encontrado coisa mais barata por aqui, mas valeu cada Bolívar.
Deixamos as coisas na pousada e fomos comer alguma coisa no Malecón (um mini-calçadão que lááá de longe lembra o de Cuba, onde as ondas batem na parede de pedras e as pessoas sentam na mureta para apreciar o mar, ouvir música, tomar uma cerveja ou uma guarapita).

Pedimos num quiosque um Sanduiche Especial. Um x-tudão venezuelano muito bom regado com molho Barbecue (molho barbecue DE VERDADE!!!). Caminhamos pela cidade, compramos umas coisinhas, curtimos o por-do-sol no Malecón e a noite. Depois, voltamos para a pousada e descansamos para nosso primeiro dia de PRAIA!!!!!

Para variar acordamos não tão cedo, umas 09h e tomamos o café-da-manhã da pousada. Achamos muito caro para o que oferecia: um ovo, uma fatia de presunto e uma de queijo, além de suco, café-com-leite e pão. “Tudo” isso por BsF40. Uma fortuna, considerando que podemos comer uma empanada com suco e café-com-leite na rua por BsF12 no máximo. Mas vá lá. Só aprendemos experimentando.

Tomamos nosso café-da-manhã e fomos para Playa Grande. Fica a 300m do centro de Choroní. Sr Tomás nos emprestou uma caixa de isopor, compramos gelo e cerveja para curtir nosso dia na praia. A praia é simplesmente LINDA!!!!!!! Uma longa fileira de coqueiros alinhadinhos dão um a visual incrível, junto ao marzão do Caribe e a reserva florestal Henri Pittier atrás. Nos alojamos numas cadeirinhas de praia e relaxamos.


Parafraseando o Hugo, o sol aqui é igual banco: abre às 10h e fecha às 16h. No começo da manhã, o tempo estava meio fechado, mas fomos à praia mesmo assim. Quando eram umas 11h, abriu a soleira e ali ficou até umas 16h, quando começou a chover.

No meio da tarde, o Hugo tinha ido comprar meu jornal e estava com a camisa do Flamengo. Um casal de brasileiros – João e Gina – o identificou como compatriota e, então, puxou conversa. Daí nos tornamos companheiros de viagem. Eles vão ficar mais dias aqui em Choroní e, depois, partir para Los Roques (sortudos!!!) e nós seguiremos para Morrocoy. Mas é provável que nos encontremos em Caracas antes de voltarmos ao Brasil e curtimos uma rumba juntos.

Os dois ficaram com a gente a tarde inteira. Ficamos na praia até ela nos expulsar com uma chuva absurda que caiu de repente. Voltamos às nossas pousadas em meio a um temporal inimaginável para quem estava torrando no sol há poucas horas antes. Combinamos de jantar num restaurantezinho muito charmoso à noite.

Quando chegamos na pousada, a surpresa: tinha acabado a luz. Isso é muito comum aqui em Choroní e a pousada não contava com geradores. Aproveitamos o resto da luz do dia da maneira que pudemos, o Hugo acabou dormindo e eu fiquei admirando a tempestade. Parecia que o mundo ia acabar (e nada da luz voltar!!!!). Eram quase 19h e eu morria de fome (porque não tínhamos almoçado nem comido nada na praia, somente detonado dezenas de latas de cerveja!!!). Acordei o Hugo e fomos encontrar nossos amigos para jantarmos.

Comemos em grande estilo. Eu, um churrasco de dourado. O Hugo, filet mignon. A bagatela no final com cerveja e tudo deu uns BsF150 para cada casal.

Depois, saímos a caminhar pelo centro em busca de bebidas. Fomos ao Malecón e ficamos intrigados com a bebida tradicional daqui: a guarapita. Quando buscávamos um lugar que a vendesse, mais uma vez, fomos acometidos por uma tempestade tropical. Correndo pela rua, ensopados, encontramos uma casa particular que supostamente vendia o precioso líquido. Uma senhora não muito bem encarada abriu a porta e nos vendeu 1l de charapita de cacau (já, já, conto a história do cacau e sua relação com Choroní) a BsF40. A bebida não é nada menos que: aguardente, leite condensado e cacau (podendo ser também côco e uma fruta amarela que não conseguimos identficar).

Com a chuva, não podíamos mais ficar no Malecón. Fomos, então, para o hostal dos nossos amigos para bebermos nossa guarapita com calma e jogarmos um poker. Nos demos o trabalho de comprar um baralho!! Quando sentamos na mesa, a surpresa: compramos um baralho espanhol louco que não tem K. Coitado do Hugo, foi duas vezes no temporal atrás de um baralho para jogar poker e nada. Acabamos jogando truco até que um hóspede mal-humorado veio reclamar do barulho que nós e outro grupo estávamos fazendo, então, resolvemos nos recolher, pois já era tarde e o dia seguinte tinha passeio de barco!!!!

Hoje cedo, dia 29 de dezembro, fomos – e aí, incluam também nossos amigos Gina e João – comer nossas empanadas num quiosque de rua. Uma delícia e por um preço muito mais razoável. Sr Tomás tinha enquadrado com um barqueiro para nos levar para o passeio que quiséssemos. Fechamos a seguinte rota: VALLE SECO, SEPE e CHUAO.

O passeio de barco é emocionante!!!! O mar super virado por causa da tempestade de ontem. Altas ondas e altas emoções. Muita água (ainda bem que não viemos de Colônia Tovar de barco porque era capaz de molharmos todas as nossas bagagens)!!! Primeira parada: Valle Seco. Sr Tomás havia nos emprestado uma máscara e um cano de mergulho. Na medida em que costeávamos as margens do continente parecia que estávamos dando a volta na ilha de Lost. Aquela beleza natural, semi-virgem. Linda demais. Chegamos a uma praia quase deserta, com uma piscina natural para mergulho de snorkell. Corais, pedras, peixes coloridos e de diversas formas. Ficamos lá algumas horas curtindo aquele paraíso.



Depois, seguimos para Cepe. Outra praia linda. Esta já era mar aberto. Então, havia mais ondas e o mar estava mais mexido devido ao temporal. Ficamos horas nessa praia lindíssima, curtindo uma sombra natural de um coqueiro ou nos queimando no sol, mergulhando, passeando, conversando e jogando poker (sim, desta vez, compramos o baralho certo!!!). Seria tudo perfeito se eu não perdesse a máscara que o Sr Tomás, gentilmente, nos emprestou. Estava brincando de tomar caixote com a máscara no rosto até que uma onda mais forte veio e a máscara se soltou. Fiquei arrasada. Com que cara iria dizer ao Sr Tomás que eu tinha perdido a máscara dele? Logo a máscara que ele tinha um monte de zelo? Que merda...
(Hugo: João e eu pegamos um côco diretamente da árvore, mas não abrimos ainda...)



 Às 15h30m, fomos conhecer o centro de Chuao. Há uma praia linda ali também, mas, com o temporal, o rico transobordou e desaguou no mar. Então, a água estava turva, infelizmente. De qualquer forma, a esta hora, o sol já tinha se recolhido e aprovietamos para conhecer o centro de Chuao. Trata-se de uma cidadezinha onde se localiza uma das principais fazendas de cacau do país e onde se produz um dos melhores chocolates da América Latina (da América Latina ou da Venezuela? Não lembro agora... hehehe).
Conhecemos o centrinho. Entramos num pedacinho de uma plantação de cacau (o João pegou um cacau enorme!!!). Tomamos um esporrinho básico porque não podia pegar cacau, mas seguimos em frente em busca de alguma venda que vendesse esses tais chocolates maravilhosos. Nos acabamos em bombons, mousses, sorvete, bolo... provamos um pouco de tudo. Destaque aqui para a mousse. Nossa... sem palavras!


Depois, com um pouco de atraso, voltamos para o nosso barco e seguimos novamente em direção a Choroní. Um dia tão perfeito não poderia acabar assim. Desde ontem, tínhamos ficado encantados com os peixes que os pescadores descarregam perto do Malecón. Tinham uns atuns enormes... até de 08kg. Decidimos fazer um churrasco de atum, aproveitando que na nova pousada deles tinha uma piscina e churrasqueira e poderíamos curtir a vontade.

Compramos tudo: cerveja, temperos, vinho, carvão e nosso atum. João fez uns sashimis e o resto assamos na churrasqueira.

Passei na pousada rapidinho para tomar um banho, trocar de roupa e falar como Sr Tomás da máscara. Ele ficou chateado, coitado, mas foi muito compreensivo e gentil comigo ainda assim. Para somar ainda tivemos um incidente: os chinelos do Hugo que estavam na porta do nosso quarto SUMIRAM!!!! Ficou uma situação horrível porque eles tinham desaparecido no momento em que eu tomava banho e não fazíamos idéia do que poderia ter acontecido neste ínterim que não foi demorado.

Voltamos à pousada dos nossos amigos – o Hugo descalço, p%$# da vida por ter perdido o chinelo – e o Sr Tomás ficou de ver na câmera de segurança da pousada o que tinha acontecido. Depois, descontraímos um pouco: comemomos, bebemos, jogamos poker, conversamos. Tudo perfeito.

24h. Tínhamos que nos despedir. Amanhã pegamos estrada para Morrocoy. Chegamos na pousada, Sr Tomás disse que nas câmeras de segurança o Hugo havia chegado na pousada SEM OS CHINELOS. O curioso é que logo quando subimos as escadas, eis que reaparece o dito cujo na porta do nosso quarto. A conclusão que chegamos foi que o casal de austríacos que estão no quarto aqui do lado, devem ter se confundido e, sem querer, o rapaz usou o chinelo do Hugo. Agora, essa do Sr Tomás dizendo que o Hugo tinha chegado descalço ficou meio chato... mas vá bene. Não é isso que vai estragar a maravilhosa estadia que tivemos aqui na Pousada Tom Carel, com toda a cordialidade e amizade oferecidas pelo Sr Tomás e sua esposa, Carmen Elena.

São 02h20m e eu estou aqui escrevendo para vocês, morrendo de sono, tendo que acordar cedo amanhã para pegar estrada. O Hugo dorme aqui do meu lado. Vou me juntar a ele. Até a próxima!!!!

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